No fictício mas nem tanto país de Maradagal, América do Sul, um homem espera a morte da mãe, encastelado numa villa em escombros. A quem se dirige essa espera - ao pai ausente. E como pode um país sul-americano ser feito à imagem e semelhança da Lombardia? Tantas perguntas e muitas outras cabem em "O conhecimento da dor", obra-prima que em 1963 Carlo Emilio Gadda entregou ao patrimônio literário universal. Ao contar a história de um homem, parte de uma família de personagens só comparáveis aos do austríaco Robert Musil, Gadda constrói uma sociedade, um sistema de pensamento e de valores em que o grotesco se exibe nas brechas do sublime, a ínfima pequenez é levada ao trágico grandiloqüente, e o paradoxo é, por vezes, a força motriz da vida. E em que, paralela à história ficcional corre uma verdadeira história da língua italiana, rica em dialetos.