Quanto se esconde ou se revela em uma pergunta? Quanto existe no gesto, na flor, no passeio? Não é preciso mais que uma fagulha para fazer nascer a poesia investigativa da matéria invisível. Se, por um lado, o espanto ganha contornos cirúrgicos a partir de um exercício de refinamento dos sentidos, por outro, há o movimento contrário: de apurar o alcance com a diluição das sensações, extraindo, do mínimo, o máximo transmutado de cada experiência proposta. E, então, tal como a poesia, duas abelhas tateiam possibilidades de convívio; o amor se revela na alquimia dos detalhes; o compartilhar de um copo denuncia a intenção do beijo. Em devo admitir que me dá um certo prazer, tudo potencialmente se inicia, nada potencialmente termina. Carol Sanches