Neste trabalho teórico de desconstrução se conjuga seguramente com uma perspectiva genealógica, de forma que é a genealogia da soberania que está aqui também em pauta. No que tange a isso, é a referência à Nietzsche que delineia as trilhas desta investigação, na sua incidência diferencial sobre os discursos teóricos de Foucault, Benjamin e Derrida, na medida que a articulação dos registros da vida e do poder seriam a condição de possibilidade para que a desconstrução da soberania se cônjuge com a genealogia desta. [...] O autor se volta para a psicanálise no seu percurso teórico, seja como instrumento de análise seja como objeto teórico inscrito no campo da soberania. Se os registros do inconsciente e das intensidades, subjacentes aos campos da linguagem e da vida, são operadores teóricos decisivos para a leitura da soberania, por um lado, aqueles se inscrevem também no campo da incidência desta, pelo outro. Assim, as cartas do jogo psicanalítico são embaralhados, destacando-se Freud, num pólo deste campo, e Jung e Lacan, no outro pólo. Com efeito, se Freud privilegiou o registro das intensidades, Jung e Lacan, em contrapartida, privilegiaram os registros da imagem e da linguagem fonética. Vale dizer, o que o autor enuncia é que a soberania regularia o inconsciente, seja pela via das imagens seja pela da linguagem. (Joel Birman)