Até onde o corpo pode ir quando abriga uma mente enclausurada? Os poemas de A verdade é que eu fiquei tão tonta que pensei que fosse cair apontam relações do corpo com objetos: a corda, o poste, o comprimido. Meios de morte transmutados em meios de vida, o suicídio dá lugar ao fetiche, a autoflagelação à dança, a química às palavras. A condição depressiva é transformada em um espelho: resistência do corpo versus colapso da mente. O que fazer com o invólucro físico quando a autoaniquilação não é uma opção? Como gritar quando a noite infinita não propaga som? Viver a morte dos dias, nascê-los de novo, sublimar solidão com fantasia, pôr-se acompanhada de fantasmas e demônios, semideuses tecnológicos, cavaleiros apocalípticos do consumo. Deixar-se esvair em espiral, suavemente, às vezes sem jeito, mole como que agonizante, desengonçada, orgasmática Completamente sem esperança. [...]