ao leitor “o moralista” contém uma tese implícita: o homem não é bom. contradigo, portanto, a tese de jean-jacques rousseau de que o homem é bom por natureza, é a sociedade que o corrompe. e digo mais e repito que o homem é só instinto, pura expressão do caos, que procura em primeira instância o seu próprio bem, porém não desconsidera o bem dos que lhe são mais próximos. por se tratar de uma obra na forma de diário, pode ser que o leitor encontre alguma contradição, talvez pela variação da presença de espírito. assim como também não consiga a priori discernir com exatidão a epígrafe em discussão. digo, porém, para não desistir da leitura, pois somente no final, isolando as imagens marginais, poderá tirar uma conclusão, talvez até a mesma que a minha: somente os fortes sobrevivem ao massacre capitalista. é um livro controverso, com cenas impressionantes de realismo, de um moralismo exacerbado e de um questionamento sobre a moral cristã, que ora apresenta a fé como solução para as inquietações existenciais, ora uma rebeldia insana, nas páginas que vão adiante, há ainda um argumento filosófico bem embasado de que o homem não é obrigado a se curvar diante do mito de deus para ser feliz, uma vez que não há castigo pelo pecado nem recompensa pela virtude, é tudo uma questão de ponto de vista, apresentando a posse do dinheiro como premissa para uma vida satisfatória. e devo alertá-lo, caro leitor, que os personagens e situações desta obra são reais apenas no universo da ficção, criados pelo narrador-autor na forma de monólogo, mas pode ser que para alguns seja uma crônica para outros, um conto. não importa, seja crônica ou conto, o leitor encontrará ideias contemporâneas, ou seja, uma rápida visão do mundo atual, com um toque de lirismo.