Perspectivas Paulinas não é um esboço de teologia paulina, mas uma tentativa de reunir, com um método novo e sob um ponto de vista diferente, alguns de seus aspectos mais importantes. KÄSEMANN sustenta que o Apóstolo expõe uma antropologia acabada, a qual, estranhamente, foi mitigada ou mesmo abandonada já pelos seus discípulos. Este fato deve ser explicado antes de se examinar a posição de Paulo no contexto da mensagem bíblica. A harmonização não aproveita nem à teologia, nem à exegese, as quais, para não caírem no óbvio ou nos preconceitos correntes, não devem perder de vista o concreto. A fé no Deus que justifica o ímpio, pregada apaixonadamente por Paulo, rompe, com o domínio da lei, também as estruturas religiosas e os laços ou as limitações sociais que vigoravam até então. Se eles são reconhecidos e mantidos, constituem apenas o âmbito dentro do qual o cristão deve mostrar a libertação das forças que, no passado, o haviam escravizado, e o domínio exclusivo de Jesus. ERNST KÄSEMANN foi aluno de BULTMANN, mas preferiu seguir a linha histórica a filiar-se à corrente que se deixa influenciar pela filosofia existencialista. Tem por hábito estabelecer firmemente os dados filosóficos e históricos do texto bíblico, antes de procurar o sentido teológico. Em decorrência de uma longa experiência (quinze anos) pastoral entre os mineiros de Ruhr, não consegue mais tratar a teologia separada da história, como se se tratasse apenas de um exercício acadêmico de professor. Além disso, a última guerra tornou muito aguda para ele a exigência de pregar um cristianismo vivo e atualizado, haurido nas fontes puras dos textos.