"Marcos Arrais se inclui na legião daqueles a quem, julgando bárbaro o espetáculo da existência, mas sem recusar algumas de suas pompas e promessas, só resta escalavar o corpo na linguagem, onde o amor se disfarça. Sabe (dizem certos bruxos) que os amantes, ente delícias e infernos, se amam cruelmente e que a vida é traição e que só resta curvar-se ante os mitos pretéritos. Transido, exercitando-se contudo para manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo, cavalgando nuvens, persegue a impossível conciliação entre a perda e o anelo da completude, assim, conjurando na linguagem a voragem do desejo que o consome. A luta não se resolve; não há derrota nem vitória, só tentativa. O prêmio é a desistência: amar depois de perder, diz um bruxo, de Minas, repercutindo um outro, de Cosme Velho."