A pedagogia marxista afirma que o processo educativo do homem é embasado no trabalho, isto é, nas relações sociais e técnicas pelas quais produz sua sobrevivência. Gramsci, paradoxalmente mais marxista do que Marx, dilata a noção de trabalho e detalha como o industrialismo é o princípio educativo moderno que forja o novo homem do século vinte, conformando-o à sua lógica. O que quer dizer Gramsci com essa tese? A que industrialismo se refere? Por que e como o trabalho industrial transforma a sociedade, a família, a escola, os métodos pedagógicos? Como se posiciona diante desses desafios o ideário socialista? Mario Alighiero Manacorda, neste livro, responde a essas questões lendo para nós e comentando os escritos de Gramsci, na seqüência cronológica de sua produção, começando por uma redação escolar de 1910 (o primeiro escrito do autor de que dispomos), e finalizando sua análise com a última carta que enviou ao filho Delio, em 1937, pouco antes de morrer. Um autor historicista como Gramsci não poderia ser lido de outra forma. Manacorda capta com precisão não só a inspiração metodológica de Gramsci, mas também sua natureza polêmica. Por isso escolhe, com evidente propósito de provocar, o subtítulo do livro Americanismo e conformismo, que, diz no Ao leitor, "pode constituir para alguns leitores um exagero ou talvez uma traição ao pensamento de Gramsci". O livro é uma obra indispensável, um clássico, para quem quer conhecer a proposta pedagógica de Gramsci.