Quem não quer ser, ou permanecer, jovem? Afinal, os jovens são aqueles de quem melhor se pode dizer que estão dentro da vida, são apresentados como sujeitos de seus atos, como depositários da virtualidade contida numa vida, que é um eterno agora. É através dos sonhos e projetos deles que a esperança se manifesta. No entanto, a juventude não é uma condição isolada, sendo a mais completa tradução do estado das coisas. Isso porque os jovens são, também, objeto do pensamento dos adultos. O que fascina os adultos é a disponibilidade do "espírito jovem" em abraçar a atualidade sem comparar, julgar ou prever conseqüências. Daí a aparente leveza da presença da juventude no mundo, mas também a inconsistência de grande parte de suas atitudes, fundadas em impulsos vitais. Num mundo que os confinou ao lugar do prazer e da alegria, os jovens manifestam, de forma pungente, certo "mal estar na civilização". Eles sofrem sem saber disso e não dispõem de linguagem para expressar suas dores, sobretudo a falta de um sentido em suas vidas. Assim, a perspectiva libertária de inventar a própria vida, de ingressar na vida adulta sem bagagem e sem mapa, cobra seu preço em desamparo. É preciso, pois, tentar preencher, com o pensamento e o diálogo, o inquietante vazio em que os jovens tentam aportar suas frágeis embarcações.