O romancista William Boyd é o tipo de autor que se recusa a seguir trilhas seguras. Sua narrativa geralmente busca o caminho do inesperado, com personagens que não primam pela moral e uma trama cuidadosamente construída para surpreender o leitor. “A tarde azul” é um romance policial que conta a história de Kay Fischer, arquiteta recém-divorciada que tenta fazer sua carreira decolar na Los Angeles de 1936. Ela começa a ser perseguida por um ancião, Salvador Carriscant, que diz ser seu pai e que pede ajuda para esclarecer uma série de assassinatos por mais de 20 anos. Confusa e curiosa, Kay o acompanha até Lisboa, para conhecer melhor a sua história. A combinação do mistério com o romance e com o épico histórico, narrado em flasbacks distantes e recentes, promove uma série de eventos extremos e violentos na história, jogando o passado contra o presente. Nesse contexto, a loucura e o desespero são pintados por Boyd em trechos impactantes e memoráveis, atestando a plenitude do talento do autor.