No Brasil do século XVIII e nas demais possessões do império português só havia uma forma de comunicação que substituísse a presença física dos interlocutores: a escrita de cartas. Assim, as ordens do rei, as notícias dos amigos e familiares, as alegrias e as desgraças eram transmitidas e expressas através de correspondências que cruzavam os vários caminhos disponíveis. D. Luis de Almeida, mais conhecido como Marquês do Lavradio, fez parte do grande contingente de correspondentes aflitos à espera de noticias escritas, em terras brasílicas. Apoiada em cuidadoso trabalho de pesquisa e de catalogação de mais de 1.500 cartas do marquês, a historiadora Adriana Angelita nos apresenta um personagem envolvente e representativo da sociedade e do momento político em que viveu. Membro da alta nobreza portuguesa, homem de corte, preparado para a carreira das armas ou de governo, D. Luis de Almeida era muito zeloso da sua casa e da sua honra, temendo sempre colocar ambas em risco. Articulado em torno de três eixos principais de questões - a escrita de cartas como forma de comunicação e sociabilidade na época moderna; a materialidade das mesmas e a análise de seus conteúdos políticos - o livro permite ao leitor se aproximar do homem público e administrador colonial ao mesmo tempo em que revela a fragilidade dos sentimentos captados na intimidade de suas cartas familiares. Descortina-se assim, as várias faces desse agente da Coroa, bem como do mundo colonial americano no qual ele viveu e governou em nome do rei, por longos onze anos.