Joseph Andrews tem fundas raízes literárias, como seria de esperar de um autor como Fielding, amante dos clássicos, dramaturgo em decadência e polemista incorrigível. Ao mesmo tempo, porém, é uma obra dos tempos, e as aventuras que narra abrem espaço para a crítica de costumes, a sátira política e a reflexão moral. Lê-la é como percorrer uma galeria de tipos da Inglaterra urbana e rural de meados do século XVIII, ou, mais exatamente, como examinar as telas seqüenciais de William Hogarth, em que as virtudes e os vícios ingleses, muitos deles universais, são pintados com franqueza impiedosa e um sempre saudável bom humor.