Trabalhados em tonalidade deliberadamente polêmica, os ensaios aqui reunidos enxergam a urgente necessidade do dissenso no território acadêmico ocupado com questões de educação. Território que tende freqüentemente ao consumo de egos postiços e que institucionaliza o pensamento crítico de forma a fazê-lo perder sua energia autonomizante. Como se esta institucionalidade correspondesse à perda da convicção crítica na qual a instituição acadêmica pretende, no entanto, fundar parte de sua legitimidade. Já pouco esperamos que a sociedade venha a ser redimida por uma de suas classes; a pergunta que, em época ainda recente, entoava e arrastava um imenso coro de boas intenções políticas e pedagógicas (Qual a pedagogia que interessa às classes trabalhadoras?) já não obtém o rendimento nem comporta o vigor de então. Do "educador comprometido", estamos hoje esperando mais competência para franquear e intermediar a entrada ao mundo da cultura, do que a veemência fraseológica que transforma o outro em objeto pedagogizável, dizendo-lhe o que é e o que deveria ser. Um fio vermelho une este exercício de discordância e de subterrâneo pessimismo: a patológica relação entre intelectuais-educadores e as massas.