A Coisa Não-Deus" é um romance leve e extremamente bem-humorado, pleno de situações surpreendentes. Em síntese, uma divertida alegoria satírica da contemporaneidade urbana pós-moderna. Um tranqüilo jornalista que trabalha como crítico de arte em uma revista de cultura virtual é levado por um anjo até o Paraíso. Sua missão será registrar em livro um acontecimento extremamente inusitado que perturba a paz dos moradores no Céu. Não é pequena a sua surpresa quando ele descobre que o Paraíso é um lugar geograficamente determinado, feito qualquer outro. Região com muitas cidades modernas, ricas e elegantes, habitado por anjos e espíritos sempre alegres, em meio a intensas atividades culturais e agitadas festas. De resto, ambiente em que a principal qualidade é o charme de cada um. Paraíso onde, indubitavelmente, todos garantem que Deus não existe, pois não passa de mera ficção humana. O que tumultua esse Paraíso é a existência, na Terra, do jovem Júlio Dapunt, obscuro estudante da PUC de São Paulo, senhor de uma "alma defeituosa", raridade absurda entre os vivos e os mortos. Conforme os anjos asseguram, Júlio, diferente de todos os mortais, está condenado a morrer completamente, sumir de corpo e alma, desaparecer para toda a eternidade. Fato estranho que merece atenção e registro nos mundos das pessoas, dos anjos e dos espíritos. Júlio Dapunt, ao contrário de Deus, que, se existisse, seria onipresente e imortal, é, portanto, "a coisa não-Deus". Surpresos com a novidade, os anjos decidem conceder a essa única alma mortal do Universo um resto de existência plena de prazeres e desejos. Em meio a irreverentes referências filosóficas e teológicas de tempero um tanto erudito, a insólita situação desencadeia toda uma série de controvérsias originais e hilárias no Paraíso do escritor Alexandre Soares Silva