Como nos antigos manuscritos em que é possível identificar vestígios de textos anteriores sobre os quais outros textos foram escritos e que os eruditos chamam de palimpsestos, o leitor atento saberá descobrir, graças ao mapa traçado por Marcelo Balaban, o sentido das letras, da leitura e dos literatos no Rio de Janeiro da Belle Époque; o peso do modernismo na interpretação da literatura entendida como beletrismo; as marcas da segunda metade dos anos 1940 na narrativa memorialística publicada por Bastos Tigre em 1946; o significado da nostalgia do narrador da série e da escolha de Emílio Menezes de como figura paradigmática dos literatos de um tempo, já então, remoto; e por que não?- as pegadas ainda frescas do nosso tempo vivido nas questões que Marcelo Balaban formula ao organizar, introduzir e anotar a presente edição, ousando assim confrontar o quase-esquecido Tigre com o rato roedor de todas as coisas.