Abra os basculantes, sinta o vento trazendo as palavras e comece a viagem. Mas já adianto, aqui as palavras não chegam de forma óbvia ou prosaica. Talvez o termo mais apropriado para definir o livro de Vanessa Caspon seja deslocamento. A própria poesia encontra-se descolada do óbvio e do tradicional. Os poemas se movem, flutuam em espirais nada lineares, acertam em cheio aqueles que estão dispostos a caminharem juntos com a autora. O labirinto iconográfico e textual criado por ela permite acessar sua preciosa cartografia afetiva, possibilitando ao leitor que o percorre as mais variadas e deliciosas fruições estéticas. Para muito além dos sentidos, aqui é possível enxergar o silêncio eterno desses espaços infinitos que existem entre uma linha e outra, entre o vão e a plataforma, entre uma frase e a sua sucessora. Há a presença de um spleen tropical (e vale acrescentar: feminino, ativista, periférico), essa espécie de melancolia que se expressa sem razão aparente, [...]