Quem conta um conto? Winck pergunta e responde. Mais do que uma resposta, aponta para a possibilidade de outras meta-narrativas na medida em que o instrumental da construção do audiovisual se torna disponível, um instrumental de fato para algumas ou muitas pessoas e grupos. Winck propõe o roteiro interativo. Algo como uma construção a várias mãos e corpos e cabeças de um hiperdrama, mais próximo da conversação criativa. A emergência dessas conversações nos leva a pensar numa revolução e apostar nela significa reavivar a voz daqueles que foram educados para apenas ouvir e calar. Da polifonia nascente renasce a possibilidade de alcançarmos algum outro tipo de final, nem feliz, nem infeliz - apenas existencial. As novas tecnologias midiáticas colocam estas vozes como o foco da existência do pós-humano. O livro mostra que com imagens e sons pode-se descobrir e criar narrativas abertas. Winck dá idéias de como abordar o desafio da construção coletiva do conhecimento. Uma construção possível de verdades partilhadas no audiovisual interativo. Na era do Youtube, na cultura do remix, na prática do copiar e colar encontra-se nesse conto uma forma de recriar a ficção. Aliás, esta é a provocação.