Uma das tarefas semanais de guri no período dos sete aos doze anos era apanhar o jornal O Município de Itaqui, do qual o velho meu pai foi assinante. No trajeto de retorno para casa havia uma festa mental com os tipos impressos daquele semanário. Ocorria um processo interno de deslumbramento e de descobertas nas suas poucas páginas. As notícias, notas e todo o conteúdo publicado eram esquadrinhados, devorado na contemplação a partir daquela janela para o mundo. Chamavam a atenção do pequeno leitor sobrenomes de pessoas que depois veio a aprender que não procediam da vertente lusa. Apareciam sobrenomes diferentes, com letras dobradas ou mudas, que intrigavam na grafia como Bado, Bonapace, Bittencourt, Cacciatore, Caravelle, Degrazia, Goulart, Lacroix, Musachio, Passamani, Risso, Rossi, Sanchotene, Schenini, Veppo. Sobreveio a fase escolar fora da aldeia de origem. Após a rápida passagem dos anos iniciais do antigo ginasial em São Borja, a continuação imediata dos estudos ocorreu na região da grande Porto Alegre. Com a concentração de alunos provenientes de todo o Estado, observava a predominância dos oriundos da zona de colonização italiana. E ficava mais claro que muitos dos nomes avistados no O Município, tinham origem italiana. Qual o nome próprio dos primeiros que apareceram? De onde vieram? Quando chegaram? Por quê? Estas eram as perguntas silenciosas mais comuns.