José Guilherme Merquior oferece, em De Anchieta a Euclides, um livro que já nasce definitivo, absolutamente indispensável para o profissional, para o estudante, para o leitor interessado. Combinando, com reconhecida competência, a autonomia estética da obra com seu condicionamento e efeito social, Merquior traça um sóbrio panorama de nossa evolução literária sobre o pano de fundo de nossa evolução histórica, dentro do quadro envolvente da civilização ocidental. Esperemos que essa visão sociológica da literatura - bastante lúcida para não ver a obra como reflexo mecânico do compasso social nem como criação absoluta dum espírito predestinado - venha colaborar na reorientação dos estudos literários no Brasil, contra a praga dos formalismos que quase esvaziaram a literatura de sua significação humana mais profunda. Pois não basta ver a obra literária como uma obra de arte: é preciso vê-la entre seus condicionantes históricos e suas consequências sociais.