Publicado pela primeira vez em 1914, e entretanto legado ao esquecimento, México Insurrecto dá-nos um relato vívido e vivido da Revolução Mexicana, a primeira grande revolução do século XX, que transformou radicalmente, após tantos anos de repressão, as estruturas políticas e socioeconómicas do país. Enviado ao México como jornalista, em finais de 1913, John Reed mistura-se com as massas populares e os guerrilheiros nos campos de batalha, nos desertos de Chihuahua, tornando-se não apenas testemunha e cronista, mas participante nos acontecimentos que regista. «Historiador do presente» como veio a ser designado, conta-nos histórias de fiesta e fiasco, revelando uma penetrante sensibilidade literária, e afastando-se do retrato sórdido e apócrifo da publicidade mercenária e das agências noticiosas dos magnatas. John Reed deve ser visto como correspondente de guerra, sobrevivendo sempre no interior de forças hostis; aprendeu o ofício de escritor escrevendo no decurso da sua aventura humanista, consequência do ideário socialista que sempre abraçou. Depositava grandes esperanças na Revolução, em que via o primeiro passo para a transformação das mentalidades, visando acabar com a exploração do homem pelo homem e criando-se assim uma sociedade verdadeiramente livre. Algumas dezenas de anos depois, a rebelião zapatista, em Chiapas, persiste na lógica e inversão da sociedade mexicana, desmontando uma vez mais os mecanismos de repressão dos donos dos dólares. John Reed (1887-1920) morre de tifo, em Moscovo, com apenas trinta e dois anos. A sua obra Dez Dias que Abalaram o Mundo, relato exemplar da Revolução Russa, já o transformara no fundador da escola moderna do jornalismo - um jornalismo marcado pela urgência.