Psiquiatra lança livro que propõe mudança de atitude nos médicos. Há anos o médico José Belisário Filho acompanha alunos com transtornos cognitivos como autismo e psicoses em escolas regulares de Belo Horizonte. Ele defende a inclusão para crianças e jovens com qualquer tipo de comprometimento sensorial, motor, físico ou intelectual. E fala do quanto os médicos podem atrapalhar esse processo, por não aceitar que a saúde deva estar a serviço da educação: "É preciso ir às escolas e ouvir as professoras". José Belisário acredita na educação inclusiva e nos benefícios que ela traz a todos os tipos de estudantes, dos que têm déficit intelectual aos que nasceram com altas habilidades, chamados de super dotados no passado. Mas alerta: "a inclusão não é uma solução mágica para acabar com a segregação que crianças e jovens com deficiência ainda hoje enfrentam no dia-a-dia. E sim a conseqüência natural de decisões corretas tomadas por médicos, terapeutas, família e professores a partir do nascimento de um bebê com algum tipo de limitação". Essa parceria entre profisisonais e família não é comum no Brasil. Prova disso é o censo realizado pela prefeitura de Belo Horizonte entre adolescentes com psicose e autismo, cujos resultados inéditos José Belisário publica em seu livro. Na pesquisa, um dado chama a atenção: a mãe desconfia muito cedo, nos primeiros meses de vida do filho, que há algo de errado no comportamento daquele bebê. Ninguém acredita nela, nem o médico. O diagnóstico acaba sendo dado quase quatro anos depois, quando, por falta de tratamento adequado, diz Belisário, "já se ensinou o autista a ser autista". Inclusão. Uma revolução na saúde inaugura a série Conferências, da WVA Editora. Trata-se de um espaço novo sobre a literatura inclusiva no Brasil, criado para perpetuar idéias transformadoras que surgem em seminários e congressos sobre inclusão em todo o país. A emoção do "ao vivo" está presente neste livro, marcado pela informalidade característica da linguagem oral.