Há lugar, hoje em dia, para a filosofia? Ou ela está em um processo de autofagia, devorando-se para tentar dar conta de suas próprias inquietações? Será que abandonar a discussão de certos problemas os faz desaparecer? Por que a terapêutica mais radical e mais eficaz não seria a que consiste em evitar, tanto quanto possível, qualquer espécie de contato com os problemas filosóficos e, portanto, com a própria filosofia? E que lugar os filósofos - ditos "profissionais" - ocuparão em um futuro próximo? Neste livro, o professor do Collège de France e um dos mais renomados filósofos franceses da atualidade, Jacques Bouveresse, em um texto inteligente e acessível, passeia por um intrincado labirinto na busca de respostas para essas e outras questões que suscitam polêmicas em todo o mundo no campo dos estudos filosóficos. Polêmica, a obra se opõe à ditadura da "moda" filosófica francesa - a "prêt à penser" de nomes considerados "gurus" da filosofia, como Derrida e Foucault - e acusa essa "moda" por aquilo que denomina de "morte" da filosofia como ciência. Recorrendo a nomes como Lichtenberg, Musil e Wittgenstein, adverte que algumas soluções são simplistas e unilaterais. Para Bouveresse, o objetivo do trabalho filosófico deve ser o de tornar acessível à conscientização e à análise tudo aquilo que, no funcionamento do intelecto, é simplesmente resultado do automatismo, da inércia e da rotina, pois, em certo sentido, todos somos filósofos, bons ou maus.