Escrever é literalmente o livro dos livros de Marguerite Duras. Um relato-síntese de mais de cinquenta anos de escrita, como aquele último filme da vida em que alguém se revê num apanhado essencial. A escritora e seus amantes, seus amigos, sua infância selvagem na Indochina colonial, seus livros e personagens coextensivos à sua vida, seus filmes rodados a partir dos livros, sua ligação com o PCF, a maternidade, o convívio com o mar de Trouville e os jardins de Neauphle, sua autoestrada de palavras de cronista: tudo está aqui, tudo irradia do coração da casa. Seja em Paris, Trouville, Neauphle-le-Château ou Nova York, para Marguerite Duras a casa se faz em torno de certos hábitos: certa tinta preta, certa cadeira, certa janela, certo uísque. Esses hábitos, que são os da escrita, são também os de uma solidão fundamental. É nesse lugar de solidão que um escritor pode estar em qualquer parte, como Duras esteve em Vinh-long estando em Neauphle. É também nesse lugar que a morte se