“Não pense que é preconceito, mas...” Em realidade, era ele a grande barreira – o conceito prévio por “ouvir dizer” – que fazia hesitar Eusébio, o aprendiz do plano espiritual, diante da perspectiva de ingressar num centro de umbanda, onde seu mentor espiritual, da casa espírita, lhe recomendara estagiar. Essa mesma barreira intangível, construída à revelia da razão e da lógica, é o que com freqüência, distancia espíritas e espiritualistas do exame desapaixonado (o livre-exame e a avaliação racional que Kardec e outros instrutores sempre preconizaram) dessa religião brasileira de tanta expressividade espiritual. Ao conseguir finalmente vencer os dois degraus que o retinham à entrada do templo, o espírito aprendiz, Eusébio, inicia o mergulho em um universo ignorado de trabalho espiritual, em que reina a caridade desinteressada alicerçada no Evangelho, e a humildade dos pretos velhos e a simplicidade dos caboclos revestem espíritos de sabedoria milenar e alcance insuspeitado ao lidar com as energias e os corações humanos. Cativado pelo imenso amor e pelos novos horizontes que vislumbra, Eusébio vai, de surpresa em surpresa, até a revelação final sobre o seu próprio passado reencarnatório, numa catarse profunda que lhe faltava ao espírito até então. A essa viagem ao universo do movimento umbandista, desvendado do “lado de lá” pela visão imparcial de alguém inicialmente refratário a ele, é que esta obra se propõe conduzir o leitor, como companheiro de descobertas da grande religião brasileira, cristã e mediúnica que viceja ainda à margem do conhecimento de seus irmãos da seara da Luz.