No decorrer da década de 90, as ONGs passaram a ocupar lugar de destaque como articuladoras e representantes das aspirações sociais que eram ignoradas ou desatendidas pelo Estado. A ação das ONGs foi responsável pela inscrição, no cenário político, de temas tais como os direitos de minorias ou a preservação ambiental. Ao defender essas causas, ganharam lugar no campo social. Ao agir em seu nome, passaram a suprir as deficiências do próprio poder público, ora vinculando-se, ora contrapondo-se a ele. Há os que defendem que sua ação deve ser regulamentada pelo Estado, dado que o caráter de sua atividade - articulando grupos e interesses - tem feição eminentemente pública, além de contar eventualmente com o financiamento de recursos públicos. Há os que colocam as ONGs como espaço eminentemente liberto das amarras públicas, já que representam o lugar da inovação e de emergências dos novos anseios sociais. A questão está aberta e este livro não pretende concluí-la. Aqui são apresentados argumentos vários, como forma de contribuir para o debate e iluminar uma discussão que, embora necessárias, apenas está iniciada.