Na primeira vez em que vi Andrea Pech, fiquei impressionada com seu olhar. Tempos depois, acompanhei sua performance Stream. Voltei a me impressionar com seus olhos, dos quais corriam lágrimas contínuas. Ela não parecia estar triste, apenas entregue a um fluir interno. Tentei racionalizar o momento, mas no fim das contas o que ficou foi algo intenso, uma coisa que nenhum poema é capaz de fazer sentir. Neste Marejar, Pech me levou a um itinerário de rituais alquímicos. Segui intensidades corporais e fluxos subjetivos de uma poeta-performer que parece desejar diluir a dor de um amor sem final feliz, e acaba reconstruindo a memória dessa relação. Ao acompanhar essa busca, conheci fragmentos de memórias do amor entre duas mulheres, sempre mediado pela água. Tive acesso a fluidos corporais pequenos potes com lágrimas, inclusive em decomposição, excertos de um rio, água da bica com sal, fragmentos de espelho, água potável de uma cidade mineira. E descobri que essas são (...)