Quero continuar a exprimir as velhas necessidades e angústias humanas, mas, quero ir depois do rio, para conhecer outras paisagens sem levar comigo os sinos na minha coleira me anunciando. Quando cessar a minha alegria, por causa dos abusos de minhanaturalidade ou por falta dela, quero a inércia final dos meus passos, pois não conseguirei viver mais compelido à modorra pagã desta vida subvertida. Contemplo este mundo e vejo abutres a espera da carniça diária. Vejo seres programados, que morremdebruçados às suas conquistas terrenas, vejo robôs enfileirados seguindo e fazendo as mesmas coisas todos os dias, numa engrenagem padronizada. Vejo divisões que criam soberanias, vejo pensamentos que fundam ideologias sanguinárias, vejo cegos andando e discursando por meio de elaboradas expressões. Vejo bárbaros disfarçados de pastores que trocaram suas espadas pelo cultivo de palavras de manipulação, vejo o homem com sua ciência exata querendo a todo momento se superar. Vejo interrogações, vejo e vejo o meu próprio despreparo frente as convulsões do meu pobre irmão. Vejo e sinto tudo isso infundido num marasmo e num pessimismo, que se precipitam pela minha inércia e pelo meu grito constante de louco social.