Dos anos finais da ditadura civil-militar até a pandemia de covid-19, fechamos um ciclo de quase cinco décadas. Nesse período o mundo mudou, a Guerra Fria acabou e o Brasil passou por transformações. Trabalhadores protagonizaram greves e reivindicaram direitos. Foi aprovada a Constituição cidadã. A população conviveu com a inflação e com vários planos econômicos. Mas a desigualdade social permaneceu como chaga estrutural. A fome e a miséria não deixaram de rondar inúmeros lares. O alto custo de vida, a CPI da fome realizada em 1981, programas sociais como Bolsa família e a existência dos invisíveis descobertos na pandemia, além dos moradores de rua e das vítimas de tragédias em períodos chuvosos, quando suas moradias são destruídas, evidenciam a miserável vida a que muitos estão submetidos, resultante da profunda desigualdade social existente em nosso país. Não somos um país pobre, no sentido de ser desprovido de recursos, mas somos pobres enquanto organização social.[...]