Este livro é resultado de uma pesquisa desenvolvida entre 2003 e 2007 no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas, com o objetivo de formar um banco de entrevistas com lideranças do movimento negro no Brasil a partir das décadas de 1970 e 1980 em todas as regiões do país. Histórias como a da criação do Grupo Palmares, no Rio Grande do Sul, em 1971, a da fundação do primeiro bloco afro na Bahia, o Ilê Aiyê, em 1974, assim como a da formação do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, em 1980, por exemplo, estão lado a lado com histórias de organizações criadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Não se tratam das primeiras organizações de movimento negro da história do país, como mostram as inúmeras notas e a cronologia que completa o livro, mas daquelas que surgiram em pleno regime militar e se proliferaram a partir do lento processo de abertura política, numa conjuntura internacional na qual ganhavam força as lutas pela libertação das colônias portuguesas na África e as repercussões dos movimentos pelos direitos civis nos EUA. Além da trajetória do movimento e das experiências de algumas de suas principais lideranças, o livro discute temas como a implementação de políticas de ação afirmativa, incluindo as cotas nas universidades, o reconhecimento da propriedade de terras de 'quilombos' e a participação de militantes em diferentes instâncias do poder público.