Nesse texto, leitor, fica evidente a importância do comunismo e da democracia para Georges Labica. Para este autor - falecido recentemente - democracia e revolução estão estreitamente imbricadas, uma nutre a outra. Processos efetivamente revolucionários exacerbam a exigência e a possibilidade efetiva de democracia; a violência não deriva do impulso revolucionário libertador, mas da potência repressiva recente da ordem estabelecida. Labica não teme as palavras e, menos ainda, a luta - ainda que formidável - que as palavras precisam designar. Se revolução é democracia revolucionária, é preciso enfrentar os burocratismos e o peso crescente do executivo, despertar da anestesia submissa e resignada que dele derivam, livrar-se tanto do estalinismo quanto da dominação burguesa. Retomando a concepção lukacsiana de democratização, reitera que a revolução democrática permanece sendo anseio dos explorados. As impropriamente chamadas de "democracia-modelo" dos países centrais reduzem-se crescentemente a uma ditadura aberta do capital, para dentro e para fora de sua fronteiras. Marx, Lenin e Gramsci são trazidos ao texto para nos lembrar que não basta mudar o condutor da máquina capitalista, mas que é estritamente necessário acabar - quebrar, destruir - essa máquina.