A escrita sedutora e labiríntica de Erika Mattos da Veiga enreda o leitor já nas primeiras linhas com o voo da menina de cabelos loiros aos braços de Dindinha, - menina que desperta, anos depois, em um avião, com a mão de uma comissária aterrissando em seu ombro. Em meio à miséria kitsch do aeroporto, ela embaralha memórias da infância: a mãe encerrada no quarto, os dedos artríticos da babá, o olhar reprovador do pai, as flores da árvore em frente ao seu quarto de menina dançando numa voragem cor de laranja. Explorando com precisão as torpezas - e belezas - e a fragilidade humana, o universo ficcional caleidoscópico de Nona encanta do início ao fim, confirmando a autora como uma das vozes mais singulares da nossa literatura.