***O leitor avança, guiado por símbolos e imagens de forte originalidade, rumo aos pontos cardeais poéticos da experiência. O aguçamento do sentir se entrelaça com o dos sentidos da palavra para nos tornar avessos às simplificações conformistas. Eis o efeito – seguramente não o único – dos olhares metafóricos disseminados nas três seções do livro. Em Mundamente, Azulescência e Nevoandeiro, visões complementares captam dimensões sensíveis da vivência contemporânea: o valor do afeto, o choque entre o universo interior e o mundo externo, a beleza como revelação, o espaço assediado do profundo em nós, a dissolução das certezas, o existir em ilhas, o cansaço provocado por ciclos de repetições, a preocupação com a degradação ambiental e social, e a dificuldade de se sonhar o futuro. Tem-se, ao findar a leitura, a mesma impressão registrada pelo poeta: “acordei com um sopro”.