O que é a poesia, nos seus diversos andamentos enunciativos e na sua matéria verbal, senão aquela música do pensamento (George Steiner) pela qual se cristalizam, na sua expressão mais pura, as marcas da subjetividade? No caso dos poemas de Sandra Santos, cujos versos revelam a escrupulosa evidência de uma dicção pautada por uma preciosa economia formal de recursos a compasso com uma notória espessura intimista, a subjetividade revela-se em múltiplas declinações. Na riqueza dos caminhos de sentir e de pensar que nela se percorrem, ser-me-ia, como se compreenderá sem custo, pouco menos do que impossível neste breve posfácio decantar a essência (se de essência se pode falar) dessa subjetividade. Disseminada por vários focos estéticos – sem que nenhum, em rigor, se torne num operador obsessivo –, é materializadapor versos descomplicados e perfeitos na maneira como regem as pausas.