Em um país onde a reforma agrária tem sido objeto de disputas maniqueístas e simplificadoras, o elemento mais ausente é uma base de dados segura e confiável. Um exemplo disto está no conflito entre os dados do Censo Agropecuário do IBGE (1985) e os diversos cadastramentos fundiários feitos pelo INCRA. Bases precárias de informações sistemáticas não possibilitam cálculos exatos de variáveis centrais à questão, como é o caso das estratégicas dimensões do processo de reforma agrária no Brasil: a real extensão das terras improdutivas, o número efetivo de trabalhadores sem-terra, o caráter regional do desenvolvimento capitalista-empresarial contrastando com a natureza latifundiária da propriedade e posse das terras. A reforma agrária tem sido uma difícil e cruel dimensão dos impasses brasileiros.