A realidade da globalização e outras mudanças no contexto so­cial global produziram impactos em todos os setores, e, de forma profunda, no cenário dos negócios e das organizações. Por conseguinte, o mundo do trabalho sofreu, nas últimas décadas, transformações de diversas ordens, e os trabalhadores o elemento humano das organizações foram, obviamente, grandemente afetados. O profissional da psicologia, especialista na reflexão, diagnóstico e intervenção diante de momentos de crise e mudanças ligados direta ou indiretamente ao ser humano, viu-se, ele próprio, confrontado ante sua identidade e papel. A atuação do psicólogo organizacional encontra-se, neste século, diante de um impasse: o de refletir sua própria posição no mundo organizacional, colocando-se como um agente atento a estes novos rumos, coordenador do processo de mudanças no sentido de contribuir para uma in­serção mais cidadã e comprometida dos trabalhadores. O levantamento de questões relativas às práticas da psicologia nas organizações, tanto no que diz respeito à identidade quanto ao papel do psicólogo organizacional, bem como ao significado atribuído ao trabalho, pode fomentar o questionamento dos modelos de exercício da psicologia dentro das organizações na atualidade de modo a contribuir para que o psicólogo organi­zacional se coloque além da reprodução de práticas tradicionais e estereotipadas, passando a exercer, cada vez mais, o papel de ator; contribuindo no sentido de um fazer atento às necessidades reais do trabalhador, mas não desvinculado das demandas do mundo empresarial. Neste estudo qualitativo foram entrevistadas (entrevistas semies-truturadas) dez psicólogas organizacionais da Foz do Itajaí/SC, com o fim de investigar aspectos relacionados à sua identidade, papéis profissionais e significados atribuídos ao trabalho.