À frente da brasileira Embraer no mundo da aviação comercial só estão as duas gigantes, a francesa Airbus e a americana Boeing. Apesar disso, a terceira maior indústria do setor não tem por parte do governo do Brasil o apoio suficiente e enfrenta, ainda, resistências de áreas governamentais. Única marca brasileira reconhecida internacionalmente na complexa indústria de alta tecnologia, a Embraer lidera o mercado mundial de jatos regionais. É referência de empresa que superou o estágio estatal, a partir da privatização em 1994, e adota práticas, processos e tecnologias inovadoras (em 2006 empregava quase 20 mil pessoas, três vezes mais do que no período estatal). Seu sistema de parceria de custos e riscos é exemplo mundial de gestão de fornecedores. Assim, transformou-se na maior exportadora do Brasil no segmento de manufaturados. O Vôo da Embraer, primeiro livro da socióloga Zil Miranda, lançado pela Editora Papagaio em parceria com o Departamento de Sociologia da USP e apoio da Fapesp, vai além da simples análise da trajetória da Embraer. Discute também a agressividade comercial e o arrojo da empresa ao adquirir unidades no exterior, associar-se ao governo da China na criação de uma joint-venture, e disputar mercados regionais, superando inclusive a canadense Bombardier, antiga líder do setor. Neste ensaio, Zil Miranda, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), destaca ainda a importância da Embraer para o Brasil, ao inserir o país no seleto clube de nações que construíram uma indústria aeronáutica competitiva, com capacidade e oportunidade de conquistar mercados em um dos nichos mais avançados da indústria. Como afirma em seu prefácio o professor titular da Escola Politécnica da USP, Mario Sergio Salerno, a empresa "é uma instituição chave da sociedade contemporânea (...). Sem entendê-la, não entenderemos a sociedade".