Seja a juventude, ou sua vida adulta, Juscelino Kubitschek rende, com certeza, muita história. Tanto que para retratar a importância do célebre estadista várias homenagens são planejadas para 2.006 pelo país, incluindo uma minissérie da Rede Globo com estréia marcada para janeiro. Diferentemente de outras biografias, aqui o verdadeiro protagonista não é o presidente bossa-nova, o construtor de Brasília, mas sim o Nonô, o filho da Dona Júlia. O menino que cedo perdeu o pai, caixeiro-viajante e boêmio, teve a infância comum às crianças pobres da Diamantina do início do século passado, correndo pelas ladeiras da cidade colonial, os pés livres de sapatos, cujo primeiro par de só calçaria aos doze anos, e que, com muito esforço e perseverança, conseguiu completar os estudos e tornar-se médico. Amplamente ilustrado, com fotos de toda a trajetória de JK, este lançamento da Nova Alexandria parte da realidade para, em forma de romance, mostrar as origens deste que foi um dos mais populares presidentes do Brasil. Assim, nos primeiros dois terços do livro vemos Nonô desdobrar-se em seminarista, estudante em Belo Horizonte, viajante percorrendo o Velho Continente, doutor na volta à Minas Gerais e capitão-médico na resistência aos paulistas durante a Revolução de 32. Quando, finalmente, surge o JK político, vemos que não há muito mais o que se revelar da personalidade de Kubitschek. Em seu livro, Roniwalter Jatobá mostra que o otimismo, assim como o carisma, a alegria, a determinação, a coragem e a capacidade de conciliação que fizeram de JK um homem público tão querido e respeitado, já habitam o menino Nonô. O tempo só os burilou.