Antes de ser um pop star, Thedy Corrêa já era um escritor. Na adolescência, datilografou caprichosamente, numa velha máquina de escrever, as dezenas de páginas de seu primeiro livro que, entretanto, jamais foi publicado. Aquelas páginas datilografadas da obra pioneira se perderam em algum lugar. Mas ficou a lembrança das tardes encantadas em que foram redigidas. Ainda hoje essa memória se mistura com os sons da banda Nenhum de Nós, onde o Thedy brilha há tantos anos. De madrugada, quando o ônibus da banda volta de um show em alguma cidade distante, há apenas uma luzinha de leitura quebrando a escuridão em que os músicos e a equipe dormem. A luzinha ilumina o caderno Moleskine onde Thedy escreve suas esperanças e desventuras, sonhos e aflições, em forma de letras de música, poemas, pequenas crônicas simples anotações, como ele diz com modéstia. Em vez de dormir, depois das horas no palco em que usou todas as forças e possibilidades dos músculos do corpo e da voz, a luzinha incerta permite uma espécie de encontro fraterno, na madrugada escura do ônibus, entre o corpo cansado e os fantasmas insones da alma.