Capitalismo Amarelo descortina uma visão pluriangular da dinâmica político-econômica da República Popular da China. Descrevendo as bases do desenvolvimento industrial e tecnológico, relembra a raramente citada contribuição do maoísmo. Ajudado pelo estudo das relações internacionais do Oriente, o livro mapeia a filosofia produtiva do país que para ser a primeira potência mundial sabe o quanto sua democracia precisa se reinventar. Depois de destacar através das portas de Macau a lusofonia em diálogo com as tradições asiáticas, o autor brinda à Força Amarga, isto é, ao cule uma particular atenção. Iniciada no século XVIII, a contribuição do "escravo amarelo" na formação das Américas perdura até inícios do século XX. Pelos caminhos do mundo onde outros mundos se encontram, com referenciais da teoria da acoplagem e olhar de periferia sobre o Império do Meio, a análise alcança os vazios da cooperação Sul mais Sul. Ao questionar as parcerias estratégicas - até o final de 2011 apenas 54 empresas brasileiras possuíam investimentos na China - os capítulos radiografam as políticas do mercado importador de commodities e exportador de produtos com valor agregado. Mostrando a urgência da recuperação do sentido do trabalho conjunto, da cooperação mútua e da necessidade de harmonia, prospectivo, o livro elenca certezas e incertezas da diplomacia econômica. Explica como a demanda por grãos, minério e petróleo no espírito da velha divisão internacional do trabalho cria obstáculos multifacetados a desfavor do cumprimento de obrigações ambientais e sociais. Após revelar dimensões da ordem que condena o Ocidente a se entender com o Império do Meio, o autor aponta as ciladas das desigualdades nas relações de troca. Ao somar legados pretéritos e presentes do povo guardião de vários milênios de história contínua, a análise mergulha o leitor na sociologia da questão tibetana. Ressaltando a expansão do islamismo na China e a política regional de boa vizinhança, Capitalismo Amarelo explica o pragmatismo das paradiplomacias e as alternativas na solução das controvérsias oriundas dos desequilíbrios estruturais nas relações de troca com o maior polo produtor e exportador de mercadorias. Numa anatomia dos paradoxos das redes do comércio sínico, a análise esclarece como essa política, a um só tempo veste e desemprega o pobre.