Desde meados da década de 1980, a antropologia forense ganha relevância como área fundamental do conhecimento para a identificação de indivíduos e das causas de sua morte, no caso de crimes individuais, coletivos e sociais – como guerras, atos de terrorismo, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados. Aplica conhecimentos tanto de antropologia biológica quanto de medicina legal. Embora seja uma área em desenvolvimento no Brasil, se comparada à de outros países, nossa contribuição nas investigações desses tipos de crime, utilizando como base a análise esquelética humana, ainda é muito pequena, assim como a literatura produzida a respeito. É para preencher a lacuna de uma obra de referência na área em língua portuguesa que a Editora Unifesp publica Trauma Esquelético: Identificação de Lesões Ocasionadas por Violações aos Direitos Humanos e Conflitos Armados, tradução de um texto de importância fundamental para a investigação forense associada à violação de direitos humanos. Escrito por José Pablo Baraybar e Erin Kimmerle, antropólogos reconhecidos internacionalmente por seus trabalhos na área, o livro conta com oito capítulos em que são descritos e analisados de modo claro legislação e julgamentos relacionados a casos de violação de direitos humanos, metodologias e protocolos para coleta de dados, e estudos e discussões aprofundados e minuciosos sobre cada tipo de lesão decorrente dessas violações. Também é rico de exemplos e de imagens e traz inúmeros estudos de caso relatados por experientes profissionais da área. Esta obra, posto que respaldada em sólidas pesquisas e ampla experiência prática, mostra-se oportuna e necessária, e é referência obrigatória para cientistas forenses, cientistas sociais e ativistas dos direitos humanos em nosso país.