Então o que temos é uma história contada em dois tempos: o presente, de reencontro e mistérios, e o passado, que vai nos apresentando não apenas essa família japonesa que enfrenta xenofobia por causa da guerra, mas que vive em seu seio grandes conflitos, parte culturais, parte simplesmente humanos. Narrativas em dois tempos são sempre um risco imenso para o autor, que pode, conforme a técnica usada, tanto subestimar quanto superestimar o leitor. Rafaela ficou exatamente na linha do acerto. As mudanças de tempo são facilmente perceptíveis sem que se escancarem a ponto de interromper o fluxo da narrativa. Isso sem contar, claro, o grande mistério que cerca a irmã mais velha, descortinado de forma quase poética. Peixes de aquário é uma obra notável e inesquecível, não tenho dúvida de que encantará qualquer um que tiver acesso a ela como me encantou da primeira à última página. Rafaela é uma autora a se prestar atenção; [...]