Coudreau foi um daqueles intrépidos viajantes do século XX, que nos fascinam pelas descrições pormenorizadas de um mundo que se encontrava ainda em um estágio de colonização bastante incipiente. Sua viagem prendem-se a uma disputa acerca das divisas interestaduais entre o Pará e o Mato Grosso. Coube a Coudreau estabelecer o ponto daquele importante rio mais adequado para se estabelecer limite natural entre os dois estados. A narrativa não se limita à mera descrição das condições de navegabilidade do rio. O autor analisa a topografia, a vegetação, as rochas; prevê as possibilidades de ocupação e exploração das terras ribeirinhas; descreve pormenorizadamente as populações com as quais manteve contato, especialmente as tribos selvagens; compara entre si os dialetos indígenas, seus modos de vida, seu folclore, seus rituais. Há, aqui, inclusive, uma descrição da maneira pela qual os munducurus encolhiam as cabeças de seus inimigos, relando um segredo que muitos consideraram perdido.