A atuação maçônica na imprensa paraense do século XIX é observada nestas páginas a partir do contraponto entre o revelar e o esconder. Destacam-se, sobretudo, dois momentos distintos dessa mesma operação. No primeiro, a maçonaria abandona em parte sua postura reservada e decide criar um jornal oficial (O Pelicano) para fazer frente aos ditames do catolicismo ultramontano (A Boa Nova). E, no segundo, ela parece retornar a sua condição inicial de discrição ao suspender a circulação da publicação, mas sem necessariamente retirar-se do meio jornalístico. De maneira que as vozes dos representantes da instituição maçônica intercalavam práticas ou estratégias de segredo e publicidade que extrapolavam as folhas impressas. Tramas que o presente trabalho procurou descortinar a partir de cuidadosa investigação e análise documental. Dentre outras coisas, esse contato com os vestígios de outrora tornou possível a identificação nominal de um amplo conjunto de maçons paraenses e o conhecimento, ainda que parcial, de uma parcela de temas, tensões e conflitos que ora os aproximava como irmãos e ora os colocava definitivamente em lados opostos na imprensa, nas lojas e na vida. Levando em consideração as mudanças de ordem social e política que aconteceram ao longo da temporalidade abordada, como a abolição da escravidão e a implantação da República, o livro discute ainda o modo pelo qual os discursos, práticas e representações dos maçons se articulavam com as transformações que a um só tempo atingiam a província do Pará e a sociedade imperial brasileira como um todo.