Mario Eduardo Costa Pereira escreve sobre o sono, o dormir e o sonhar a partir de uma perspectiva que vai muito além da função biológica associada ao repouso físico. Enquanto psiquiatra e psicanalista, escuta em sua prática clínica diversas queixas sobre as dificuldades para dormir, com o consequente alto consumo de fármacos para tratá-las. Amparado na tradição psicanalítica, Costa Pereira desenvolve a tese de que o sono é uma experiência erótica na qual o abandonar-se ao desconhecido está em jogo. Dormir é despojar-se das vestes diárias, das amarras do dia a dia, abandonar a necessidade de controle e confiar em que as possibilidades do desconhecido não são ameaçadoras. Além disso, com base em três peças de Shakespeare – Macbeth, Hamlet e Henrique V -, o autor aponta que o dilema do sujeito sobre a noite e o dormir não é privilégio do homem contemporâneo, já aparecendo em obras fundadoras da cultura moderna.