A vida de Hölderlin divide-se exatamente em duas metades: os 36 anos de 1770 a 1806 e os 36 anos de 1807 a 1843, que transcorre como louco na casa do marceneiro Zimmer. Se na primeira metade o poeta vive no mundo e participa na medida das suas forças dos acontecimentos do seu tempo, a segunda metade da sua existência é transcorrida de todo fora do mundo, como se, apesar das visitas esporádicas que recebe, um muro a separasse de qualquer relação com os eventos externos. Por razões que talvez fiquem ao final claras para quem lê, Hölderlin decidiu eliminar todo caráter histórico e social das ações e dos gestos da sua vida. Segundo o testemunho de seu mais antigo biógrafo, ele repetia obstinadamente não me acontece nada. Sua vida pode apenas ser objeto de crônica, não de uma biografia e muito menos de uma análise clínica ou psicológica.