Olhar o presente, dentro de uma determinada cultura, apoiando-se em uma teoria tão consistente como a que embasa esta obra é um ato intelectual ousado. Se a teoria proposta por Carl Gustav Jung se destinou, especialmente à intrincada técnica para integrar os diferentes estados da personalidade, buscando que o inconsciente pessoal e o coletivo se afinassem a fim de que fosse alcançado um estado de individuação, imagine a dificuldade em estender esta discussão para as realidades grupais vividas num país como o Brasil e suas formas particulares de violência. É um livro de duras realidades, no qual a seriedade do escopo teórico se faz presente de maneira tão bem estruturada, que chega a derramar, sobre o leitor atento, expectativas e esperanças para árduas situações do cotidiano de mulheres, crianças, adolescentes e idosos em situação de violências de naturezas diversas. Os autores colocam com clareza a mão, o fazer e o pensamento de psicólogos analistas que se dispuseram a penetrar estes meandros das dores humanas; portanto, se destaca pela descrição da experiência e nela reside seu valor humanista, ressaltado nas reflexões e propostas de ações, que os autores oferecem ao leitor.