As crônicas de Müller Barone têm a cara dele: dicotomia. Marginal certinho, intelectual escrachado, auto-suficiente carente, um machão típico que, no fundo, só queria ganhar o colo eterno daquela que está sempre ali, dentro dele. Ele observa seus personagens e procura o que quer para si, o que talvez já tenha encontrado, mas que parece não ver, ou que prefere continuar buscando, como que para se sentir ativo. E faz com que seus personagens vivam aquilo, com a intensidade que ele viveria, não deixando escapar nada. Homem-menino, tão idoso, que se lembra de tudo, e tão jovem, que ainda sonha com a revolução que apregoa e vivencia.Ler Barone é ver o dia-a-dia com os olhos crus, percebendo, no outro, a sua face.Escritor de mão cheia, de boca suja, de coração mole, de sonhos de liberdade e igualdade entre os homens. Utópico? Não! Romântico, apaixonado, descomplicadamente humano, complicadamente humano. E lindo!Barone é seu próprio leitor, seu crítico e seu editor. Escreve para o mundo, ou para si. Só sei que eu leio, e gosto. Lílian Maial