Que coisa é a alma? De que substância é composta? Como tornar apreensível algo que é sopro, espírito, matéria diáfana? Pois Júlio, generosamente, entrega um mapa de sua alma nesses poemas, na esperança de que os leitores encontrem seus próprios mapas para dentro de si mesmos. A alma é uma cidade, às vezes com prédios em ruínas, insistentes, sonhando com a permanência, nem que seja de uma nesga da memória dos que por ali transitaram. A cada página, a cada poema, o leitor é convidado a percorrer becos, ruas (algumas com ladeiras), praças, avenidas… Não suportando a imobilidade, a alma se rebela contra qualquer gesto de aprisionamento, contra qualquer pedaço de arame farpado. Se insurge até mesmo contra a poesia, que não suporta travessões porque não quer o diálogo. A alma perambula entre passado, presente e futuro como quem procura resquícios de dor e de luz.