Em uma cidade onde desembarcou para fotografar sua arquitetura multicolor, ouve alguém pedir socorro em Inglês detrás das grades da janela da pequena cadeia local, e o improvável acontece. Nos dá a conhecer Patú Rendeira, talvez à época a mais famosa ren-deira de bilro do país, que por ter passado a vida agachada em seu ofício não conseguia mais ficar em pé. Ao longo da narrativa pessoas perdem dedos com a mesma naturalidade com que no sul e sudeste pessoas perdem o horário e, como se isso não bastasse, uma mulher perde a bunda. Em um almoço com um desconhecido em um clube elegante em Feira de Santana coloca tudo em perspectiva. Ao longo dos anos um sem-número de histórias naufragou nas águas turvas do Grande Chico, estas são apenas algumas que, todavia, flutuam na mente do autor, e nos apresentam um panorama de um Brasil desconhecido para a grande maioria dos nativos do sul. Um amigo querido disse-me certa vez que nós somos da geração do plantio; não chegaremos a ver a colheita. O verdadeiro inimigo é a ignorância. Deus permita que livros como este sejam as sementes de uma nova era de conhecimento e valorização de nosso território. Pedro R. M. Chaves Neto Brasileiro e bibliófilo aprendiz.