Marina Tsvetáeva fixou o olhar longamente, ao longo de toda a sua vida, sobre uma divindade aterrorizante: o tempo. Dou ouvidos a algo que soa dentro de mim de maneira constante, mas não regular, dando-me ora indicações, ora ordens. Quando indica - discuto; quando ordena - obedeço. Esse algo que soa era a palavra de poesia. O tempo aterroriza porque ele só corre porque corre, corre para correr, mas não corre para lugar nenhum. A palavra poética, que se pretende absoluta desde os grandes românticos, é o paradoxo de um imponderável que permanece intacto, presa de nós todos, que somos lobos do bosque impenetrável do Eterno. Sobre essa tensão, que vibra um instante antes de se romper, Marina Tsvetáeva construiu a sua obra. O livro que aqui se apresenta reúne três ensaios que possuem exatamente essa tensão como objeto, tocando assim o segredo de Tsvetáeva.